Dia mundial da poesia

Nos dias que correm nada melhor que um poeta popular, para descrever os tempos que vivemos.

Vós que lá do vosso Império
prometeis um mundo novo,
calai-vos, que pode o povo
qu'rer um Mundo novo a sério.

Quem nada tem, nada come;
E ao pé de quem tem de comer,
Se alguém disser que tem fome,
Comete um crime, sem querer.

Mentiu com habilidade,
fez quantas mentiras quis,
Agora fala verdade,
ninguém crê no que ele diz.

São parvos, não rias deles,
deixa-os ser, que não são sós:
Às vezes rimos daqueles,
que valem mais do que nós.

Morre o rico, dobram sinos;
Morre o pobre, não há dobres...
Que Deus é esse dos padres,
Que não faz caso dos pobres?

Quantas sedas aí vão,
quantos brancos colarinhos,
são pedacinhos de pão
roubados aos pobrezinhos!





           
                           António Aleixo

3 comentários:

Daniel Santos disse...

Muito bem.

João António disse...

Daniel Santos
Aleixo, mais actual que nunca .

Táxi Pluvioso disse...

Agora é que vamos ter um Governo à maneira: que aumente o IVA para 25 ou 27 %, e que faça as "reformas estruturais": isto é, despeça funcionários públicos, pura e simplesmente, sem subsídios ou indemnizações. Este tentou, de forma encapotada, reduzindo o número de professores, na prática não despedia, apenas não contratava, mas não passou na Assembleia. O povo tem que escolher um Governo forte para a via da riqueza (para quem conhece a História de Portugal, e não as estórias que se contam, não terá muitas esperanças nisso, mas é preciso animar a malta, enquanto o tempo não passa).