Permita-me que deixe aqui a última crónica de Henrique Neto, publicada no Jornal de Leiria (um dos jornais da "nossa" terra):
Watergate à portuguesa
Quanto mais José Sócrates e os seus seguidores procuram inventar razões para iludir a realidade expressa nas escutas publicadas pelo jornal o “Sol”, fazendo passar por burros os portugueses que lêem jornais, mais se afunda, num sintoma seguro da sua própria impreparação para o lugar que ocupa. De facto, a única forma que José Sócrates teria de convencer alguém de que não foi ele que organizou o assalto a alguns meios de comunicação, seria distanciar-se dos seus protegidos e condenar a sua actuação como inaceitável num regime democrático. Ora, se não o faz, lá terá as suas razões, porventura porque não o pode fazer, na medida em que correria um risco excessivo de algum deles não assumir a culpa e contar a verdade toda. Compreende-se, por isso, que o primeiro ministro queira ganhar algum tempo e, fiel ao seu carácter, acuse os adversários das malfeitorias que ele próprio originou. Aparentemente, não lhe passa pela cabeça que a história humana está cheia de “crimes” como o do jornal Sol, crimes que tempo depois são elevados à categoria de serviço público. Aliás, existem casos recentes e as semelhanças com o caso Watergate, que conduziu à demissão do presidente Nixon, são por demais evidentes. Recordemos que os dois jornalistas do Washington Post, que foram igualmente acusados pela Casa Branca de jornalismo de buraco da fechadura, acabaram a ganhar o prémio Pulitzer e Nixon morreu só e renegado. Relevante, neste caso, é a posição assumida pela PT através de Henrique Granadeiro que se assumiu “encornado”, suponho que pelos seus colegas de Administração lá colocados pelo Governo. Como relevante é a hipótese, por ele colocada, de convocar uma Assembleia Geral para discutir o caso. Trata-se do mínimo que os accionistas podem pedir, na medida que a demissão dos administradores envolvidos parece ser a única forma da PT se afastar da embrulhada em que se meteu, ou a meteram. Há ainda que esclarecer essa parte da história. De qualquer forma, pessoalmente, como pequeno accionista da empresa, gostaria de ver aqueles administradores que pretendem manter os seus pergaminhos profissionais, a condenar o envolvimento do nome da PT em negócios que só podem contribuir para o seu desprestígio e para o prejuízo dos accionistas. É, também, o mínimo exigível. (continua)
Igualmente, não me parece que o Millennium BCP possa fazer de conta de que nada se passou, nomeadamente depois das histórias havidas com a anterior Administração e da intervenção então assumida pelo Banco de Portugal. O BCP necessita urgentemente de mostrar que as infelizes intervenções do seu administrador, descritas nas escutas, foram de conta própria e que a instituição não pretende conviver com isso. De contrário, correria o risco de dar como aceite a ideia, que há muito anda no ar, de que a actual administração seria um produto politicamente controlado pelo Governo. Ou seja. o BCP teria deixado de ser uma empresa controlada pelos seus accionistas. Recordemos, a esse propósito, que o Administrador em causa fez o pleno da ligação entre os negócios da sucata e os negócios da comunicação social, que, supõe-se, não eram tratados no Conselho de Administração. Há pois que deixar claro que este é o tipo de situações em que o Millennium BCP não se pode envolver, nomeadamente nas actuais circunstâncias financeiras do País e quando o Banco pretende recuperar o seu prestígio e rentabilidade. Finalmente, a ideia da moção de censura é, nas actuais circunstâncias, tão patética que não merece comentário, mas revela a qualidade dos socialistas que rodeiam o primeiro ministro. Como diria alguém, com tais amigos José Sócrates e o PS não precisam de inimigos. Na prática, escancararam o caminho para, dentro de seis meses, depois do PS e do primeiro ministro serem queimados em lume brando, as oposições juntas enviarem José Sócrates de volta para as Beiras. Não há paciência. _ Crónicas sobre o futuro HENRIQUE NETO, empresário netohenrique8@gmail.com A única
Mas há dias tristes em Portugal... apesar de o dia, em que levei uma tampa, de uma loira bombástica, não ter sido muito lá alegre. E, alegre, faz-nos lembrar um derrotado, um que já o seu tempo passou... boa semana
11 comentários:
Permita-me que deixe aqui a última crónica de Henrique Neto, publicada no Jornal de Leiria (um dos jornais da "nossa" terra):
Watergate à portuguesa
Quanto mais José Sócrates
e os seus seguidores
procuram
inventar razões para
iludir a realidade
expressa nas escutas
publicadas pelo jornal o “Sol”,
fazendo passar por burros os
portugueses que lêem jornais,
mais se afunda, num sintoma
seguro da sua própria impreparação
para o lugar que ocupa.
De facto, a única forma que
José Sócrates teria de convencer
alguém de que não foi ele
que organizou o assalto a alguns
meios de comunicação, seria
distanciar-se dos seus protegidos
e condenar a sua actuação
como inaceitável num regime
democrático. Ora, se não o faz,
lá terá as suas razões, porventura
porque não o pode fazer,
na medida em que correria um
risco excessivo de algum deles
não assumir a culpa e contar
a verdade toda. Compreende-se,
por isso, que o primeiro
ministro queira ganhar algum
tempo e, fiel ao seu carácter,
acuse os adversários das malfeitorias
que ele próprio originou.
Aparentemente, não lhe
passa pela cabeça que a história
humana está cheia de “crimes”
como o do jornal Sol, crimes
que tempo depois são elevados
à categoria de serviço
público. Aliás, existem casos
recentes e as semelhanças com
o caso Watergate, que conduziu
à demissão do presidente
Nixon, são por demais evidentes.
Recordemos que os dois
jornalistas do Washington Post,
que foram igualmente acusados
pela Casa Branca de jornalismo
de buraco da fechadura,
acabaram a ganhar o prémio
Pulitzer e Nixon morreu
só e renegado.
Relevante, neste caso, é a
posição assumida pela PT através
de Henrique Granadeiro que
se assumiu “encornado”, suponho
que pelos seus colegas de
Administração lá colocados pelo
Governo. Como relevante é a
hipótese, por ele colocada, de
convocar uma Assembleia Geral
para discutir o caso. Trata-se
do mínimo que os accionistas
podem pedir, na medida que a
demissão dos administradores
envolvidos parece ser a única
forma da PT se afastar da embrulhada
em que se meteu, ou a
meteram. Há ainda que esclarecer
essa parte da história. De
qualquer forma, pessoalmente,
como pequeno accionista da
empresa, gostaria de ver aqueles
administradores que pretendem
manter os seus pergaminhos
profissionais, a condenar
o envolvimento do nome
da PT em negócios que só podem
contribuir para o seu desprestígio
e para o prejuízo dos accionistas.
É, também, o mínimo
exigível.
(continua)
Igualmente, não me parece
que o Millennium BCP possa
fazer de conta de que nada se
passou, nomeadamente depois
das histórias havidas com a
anterior Administração e da
intervenção então assumida pelo
Banco de Portugal. O BCP necessita
urgentemente de mostrar
que as infelizes intervenções do
seu administrador, descritas nas
escutas, foram de conta própria
e que a instituição não pretende
conviver com isso. De contrário,
correria o risco de dar
como aceite a ideia, que há
muito anda no ar, de que a actual
administração seria um produto
politicamente controlado pelo
Governo. Ou seja. o BCP teria
deixado de ser uma empresa
controlada pelos seus accionistas.
Recordemos, a esse propósito,
que o Administrador em
causa fez o pleno da ligação
entre os negócios da sucata e
os negócios da comunicação
social, que, supõe-se, não eram
tratados no Conselho de Administração.
Há pois que deixar
claro que este é o tipo de situações
em que o Millennium BCP
não se pode envolver, nomeadamente
nas actuais circunstâncias
financeiras do País e
quando o Banco pretende recuperar
o seu prestígio e rentabilidade.
Finalmente, a ideia da moção
de censura é, nas actuais circunstâncias,
tão patética que
não merece comentário, mas
revela a qualidade dos socialistas
que rodeiam o primeiro
ministro. Como diria alguém,
com tais amigos José Sócrates
e o PS não precisam de inimigos.
Na prática, escancararam
o caminho para, dentro de seis
meses, depois do PS e do primeiro
ministro serem queimados
em lume brando, as oposições
juntas enviarem José
Sócrates de volta para as Beiras.
Não há paciência. _
Crónicas sobre o futuro
HENRIQUE NETO,
empresário
netohenrique8@gmail.com
A única
JotaB
Os seus comentários serão sempre bem vindos aqui à "Tasca".
Boa escolha.
Daniel Santos
Uma que gosto das várias opções para a ocasião.
Mas há dias tristes em Portugal... apesar de o dia, em que levei uma tampa, de uma loira bombástica, não ter sido muito lá alegre. E, alegre, faz-nos lembrar um derrotado, um que já o seu tempo passou... boa semana
Táxi Pluvioso
Concordo com o frase sobre o Alegre. Agora a loira é uma situação bem mais dramática !
Loiras só dentro de embalagem de vidro! :)
JOÃO ANTÓNIO: música mais que apropriada. LINDA!
UMA homenagem sentida pelas vítimas da catástrofe madeirense e pela própria ilha.
BEIJOS DE
LUSIBErO
Ferreira-Pinto
É uma opção com lógica !
lusibero
Obrigada Maria Ribeiro.
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