Confissão de Vara



Compreende-se perfeitamente. Tinham muito em comum, desde o amigo que os apresentou, Lopes Barreira, com quem Vara dirigiu a inesquecível e patriótica Fundação para a Prevenção e Segurança em 2001, até aos objectivos pretendidos e às formas de os atingir. Eram almas em comunhão de desígnios. É notória, no Sr. Godinho, essa capacidade irresistível de criar a tal empatia de que fala Vara (entretanto, deve tê-la perdido, a avaliar pelo ostracismo a que é votado no julgamento). Só isso pode explicar a quantidade de gestores públicos, políticos e homens com poder de decisão que se sentiram em sintonia com o sucateiro de Ovar. Foi com este espírito que juntaram esforços, robalos, Mercedes, pães--de-ló, umas sucatas, uns concursos públicos, uns milhões e fizeram nascer uma verdadeira Associação.... de interesses. Tudo resultado dessa empatia.
Não percebo onde é que está a dúvida. Armando Vara sabe do que fala. A empatia entre ele e José Sócrates também foi automática e o País é testemunha do que os dois foram capazes a partir daí. Corrijo, o País só sabe de uma pequena parte da enorme capacidade empreendedora desta dupla que Edite Estrela juntou, o que é uma injustiça para eles. Pinto Monteiro e Noronha Nascimento não deram o devido valor ao sentido estratégico de Vara e Sócrates. Ao significado que tem para eles a Democracia, a Liberdade de imprensa e o Estado de direito. O PGR e o Presidente do STJ resumiram tudo a amizade, uma questão privada. Qual quê! Aquilo era empatia, uma força capaz de criar fluxos financeiros como a Face Oculta, a Cova da Beira, o Portucale ou o Freeport.
Só a empatia eleva um empregado de balcão de Mogadouro ao topo da administração do maior banco privado português (deixou de o ser, por certo uma coincidência). Tem muito mais valor do que um grau académico, conhecimentos, qualidades técnicas, experiência profissional ou talento. Mas, como nem todos nascem com a qualidade inata do Sr. Godinho para gerar empatia, os partidos políticos e a Maçonaria continuam a ser locais excelentes para a desenvolver. Foi assim que Portugal se tornou um país de sucesso. 
                                                                                   ( Manuela Moura Guedes )

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